Governo de São Paulo eleva imposto de produtos eletroeletrônicos

Governo de São Paulo eleva imposto de produtos eletroeletrônicos

O Estado de São Paulo vai na contramão do governo federal e elevará os impostos estaduais de eletrodomésticos e eletrônicos em 2012. O aumento de tributos será feito de forma indireta. O governo aprovou no último dia 27 uma nova tabela do IVA (Índice de Valor Agregado), que serve de base para o cálculo do ICMS no regime de substituição tributária. Para a maioria dos produtos, os novos valores entram em vigor amanhã.

Dos 90 itens contemplados pela mudança, 76 deles terão elevação do imposto estadual. Entre eles estão fogão, geladeira, celulares, micro-ondas, TV de tubo e plasma. Alguns componentes terão redução de imposto – 14 no total, entre eles, câmeras digitais e TVs de LCD. Em média, os valores do IVA subiram 20%. O impacto desse reajuste no aumento efetivo de impostos depende da alíquota do ICMS de cada produto.

No caso da linha branca, a nova tabela terá outro cronograma. Para os produtos beneficiados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), concedida em dezembro pelo governo federal, a mudança vale a partir de 1º de abril.

No sistema de substituição tributária, a indústria paga o tributo do varejo antecipadamente. Para calcular o imposto devido por toda a cadeia, das fábricas às lojas, o governo estabelece uma margem de valor, o IVA, com uma estimativa do preço final do produto ao consumidor. É sobre esse valor que incide a alíquota do ICMS. Então, quanto maior o IVA, maior será o imposto cobrado (veja tabela ao lado). "É um aumento indireto de impostos. O governo eleva a arrecadação sem mexer na alíquota do ICMS", explica o advogado tributarista Eduardo Diamantino.

Um fabricante de celular, por exemplo, pagará cerca de 6% mais de ICMS no Estado, segundo estimativas do escritório Diamantino Advogados. Com todos os impostos, um aparelho que sai da indústria por R$ 800 neste ano, custaria R$ 998 após o pagamento de impostos, mas custará R$ 1.110 com a nova tabela.

Reação. A decisão desagradou o empresariado. "Pode haver aumento de preços ao consumidor", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato. Segundo ele, o repasse dependerá do aquecimento da economia. Para Barbato, o aumento de impostos é "inoportuno". O momento, a seu ver, é de estimular a economia e não atribuir um ônus maior às empresas.

Capital de giro. O primeiro impacto da mudança no IVA será a necessidade de a indústria e o comércio captarem mais capital de giro para pagar um valor maior de ICMS. "Essa medida é prejudicial à indústria", conclui Barbato. Segundo ele, a Abinee vai avaliar as alterações no início do ano e pode recorrer.

Para José Maria Chapina, presidente do conselho de assuntos tributários da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio SP), a mudança na tabela do IVA não se sustenta. "Não tem sentido cobrar o imposto sobre um IVA tão elevado", argumenta Chapina. Ele afirma que a decisão visa apenas um aumento da arrecadação do governo paulista.

A Fecomércio já questiona na Justiça o sistema de substituição tributária. Agora, a entidade vai voltar a carga contra a medida. Chapina diz que a nova tabela é "uma violência tributária", pois ela financia o Estado. "Se antes já era um confisco antecipado de imposto, agora ficou ainda pior com o aumento da carga."

Insegurança tributária. Mas o principal problema de mudanças nos parâmetros da substituição tributária, como a que entrará em vigor amanhã, é que elas geram insegurança entre os empresários, afirmou o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) Júlio Gomes de Almeida.

"Muitos empresários têm me dito que, nos planos de investimentos que eles fazem, já passaram a levar em conta a insegurança tributária em São Paulo."

Para ele, São Paulo já está em desvantagem na guerra fiscal entre Estados para atrair investimentos. Com a mudança na tabela, disse, São Paulo aumentou a insegurança tributária e deu mais fôlego para outros Estados.

Para Fazenda de SP, tabela corrige margens defasadas

●A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo disse, em nota,  que a tabela do Índice de Valor Agregado (IVA) dos eletrodomésticos  e eletrônicos foi alterada porque as margens estavam defasadas. A Fazenda calculou, portanto, que o preços dos eletrônicos nas lojas é maior do que  ela previu inicialmente. Ou seja, a  Fazenda paulista entende que o imposto cobrado por esses produtos  estava abaixo do que é devido  pelas empresas. Para chegar a essa conclusão, o órgão utilizou um levantamento feito  pela Fundação Instituto de Pesquisas  Econômicas (Fipe) nospreços no varejo. “O objetivo das  pesquisas foi a readequação das  margens praticadas pelo mercado,  buscando uma tributação justa”, disse a Fazenda, em nota. Segundo o órgão, todos os produtos enquadrados no regime de substituição tributária terão os seus IVAs revisados, de acordo com um cronograma divulgado em junho.

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PARA LEMBRAR

Contra medidas na crise

Coincidência ou não, mais uma vez o governo paulista  atua na contramão do governo federal.Em2009, enquanto  o governo do ex-presidente Lula desonerava do IPI os produtos da linha branca, como forma de incentivar o  consumo na crise, São Paulo  fazia exatamente o contrário.  O Estado incluiu os mesmos produtos que a União desonerou  no regime de substituição tributária, o que representou aumento de carga. Na  época, até o ministro da Fazenda,Guido Mantega, criticou  publicamente a medida.

Agora, no entanto, a Fazenda paulista foi cuidadosa, ao  programar a elevação da base  de cálculo do ICMS da linha  branca para só depois do término da isenção federal, a partir de abril.

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